Era para ter deixado isto nos comentários mas o texto ficou tão grande que achei por bem fazer dele um post:
Quando comecei a aprender piano senti-me um pouco injustiçada por não ter tido aulas em pequena, como as pessoas normais.
Na altura a minha prioridade era o ballet mas, quando não fui escolhida para ir com as minhas colegas dançar à Hungria só por ter curvas, troquei-o por 3 anos de guitarra clássica (também já não sei tocar nada...) e passei a dançar fechada no quarto ou então na sala, quando os meus pais saíam aos fins-de-semana de manhã para fazer compras. Depois fiz 16 anos e dediquei-me a ser adolescente.
Foi preciso chegar aos 20 para me aperceber de que era mesmo aquele o meu instrumento. Com a faculdade e os empregos não me restava quase tempo nenhum para me dedicar a sério ao piano mas lá me inscrevi numa escola de música. Lembro-me que estava a trabalhar em part-time no Colombo (e em full-time noutro sítio qualquer) e fazia sempre a minha hora de jantar sentada a um piano de cauda da Yamaha na Maestro.
Esta divagação toda para dizer que talvez não tenha sido assim tão mau ter começado tarde - até porque não acredito muito nesse conceito. Se tivesse passado a infância a martelar escalas provavelmente também me fartava...
Agora, por não ter mesmo tempo nenhum para as aulas, estou a aprender por conta própria e o curioso é que, apesar de me poder concentrar apenas nas peças e canções de que gosto, tenho o bom senso de pegar nos milhentos exercícios do amigo Czerny para treinar a velocidade, os harpejos... e as malfadadas escalas.
E sim, quando quiseres vamos tocar juntas.
Até lá continuo a pensar que somos a mesma pessoa ;).
quinta-feira, maio 05, 2005
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5 comentários:
Não se zangam se eu, como mãe de duas almas que fazem música (e tocam piano!) deixar aqui o meu lado da história? Lá vai... Quando a minha filha mais velha, entusiasmada por ouvir o pai tocar e por haver um piano (pois é, há um piano lá em casa e outro em casa da avó) à disposição, quis começar a aprender, aqui a moi apressou-se em arranjar-lhe lições. Queres saber? Sabes como deve ser! E a criança lá foi para as escalas e as fífias (no piano, desafinanços!) durante horas. É claro que se fartou e os dois anos de aulas que teve foram bem desagradáveis para todos. Foi preciso esperar até aos 11 anos da rapariga para ela tomar a decisão de estudar música. E lá foi a boa da moi inscrevê-la no IGL. Recomeçaram as horas infindas ao piano. E, posso garantir-vos, não há amor maternal que resista a uma boa audição de alunos quando eles estão todos no princípio! Até ao 4º/5º ano é de fugir! Mas eu aguentei sabe Deus quantas até conseguir ouvir um programa que valesse a pena. Entretanto, a rapariga começou a cantar e o Piano passou a Teclado (é uma cadeira mais leve). O problema? O problema é que já havia outra rapariga a tocar furiosamente, durante horas sem fim... Deixemos cair um piedoso véu de silêncio sobre o período em que, às audições de piano, se juntaram as audições de canto dos principiantes. E aí, amiga John, é que eram fífias de meia noite. Felizmente, tudo isto é passado e agora é um prazer ter boa música em casa. Não só pelo bom que é a música em si, mas porque, como mãe, gosto imenso de ouvir as minhas filhas fazer música em conjunto. É bom ter lá os amigos delas a cantar e a tocar também, quando têm de ensaiar ou preparar qualquer concerto. Também não é menos verdade que eu fugi de casa para não ouvir as horas mais duras e só ter os juicy bits. Mas valeu a pena, acreditem! Por isso, M., senhora e dona deste espaço, arranje lá maneira de, mesmo com o Czerny!, ter umas aulinhas. O tarde não interessa e vale a pena investir numa base sólida que lhe permita depois avançar sozinha. E claro, o piano lá de casa está à sua disposição!
esteja descansada que, mal tenha um horário que não me faça ter de sair de casa às 9h e chegar à meia-noite, volto a inscrever-me na Pentagrama ;).
Histórias sobre pianos serão sempre histórias bonitas, não sei porquê. O engraçado é que não costumo ter com quem partilhar a minha, enquanto me agarrava ao Czerny os outros à minha volta agarravam-se aos desenhos animados e musicas da disney, embora também tenha tido uma bela dose disso.
Agora, tal como a a filha da amiga J. virei-me para o canto. Estudei dois anos de canto lírico para perceber que não queria cantar mais em igrejas e que queria seguir o desejo de ter uma banda. Estou a escrever isto agora depois de saber de certeza que finalmente consegui formar uma banda de jeito. Que já temos dois concertos confirmados para este mês e que finalmente vou ser a vocalista de qualquer coisa com direito a microfone só para mim. Não serei uma gaja do piano, como aquelas que nós gostamos, mana. O sonho de ser uma Tori Amos ficou para trás nas chibatadas que levava na mão pela professora de piano:)
P.S. adorei esta post-resposta. Fiquei toda inchada! Um beijinho, mana M!
A mulher batia-te?? Onde é que ela mora que eu corto-lhe a TV Cabo?
O meu professor dá aulas a, pelo menos, duas pessoas ao mesmo tempo por isso está sempre a saltitar de um lado para o outro - o que é óptimo porque podes ir treinando sem a pressão de olhinhos a espreitar por cima do ombro e, quando ele volta para ouvir, os primeiros compassos já estão mais ou menos sabidos. :)
Boa sorte com a banda, maninha e vai dando notícias dos concertos com antecedência!
Beijinhos***
Fui aquilo a que se pode chamar um projecto de pianista. Andei no conservatório 9 anos (enquanto tb marrava no liceu), cheguei ao 6º ano de piano e desertei, detestava a minha professora e não concordava com o método nem com o espírito bafiento da escola. !0 anos agarrado a uma guitarra eléctrica numa banda foram suficientes para quase nunca mais lhe tocar e para chegar ao ponto de ter a vergonha de não dizer a ninguém que o estudei não vão desconfiar, tal o baixo nível pianístico a que cheguei. No fim, fiquei com um piano em casa que serve para me aliviar quando preciso (salvo seja), para divertir a minha filha e para compôr músicas rock.
Ai Czerny, o velhinho Czerny que tive que decorar todo para fazer o exame do 4º ano. Se não me falha a memória, o estudo 25 do livro de capa cinzenta e azul (amanhã rectifico), que começa em Si menor, era lindo.
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