sábado, maio 14, 2005

literatura... qué isso?

Em cinco anos de curso universitário ouvem-se muitos disparates. Desde professores que vêem espirais em sonetos do Camões, a alunos que concordam. Mas o que tenho ouvido este ano, directa ou indirectamente, é o cúmulo...

Duas alunas de Português/Francês:
Rapariga A: - Podias falar no Notre Dame de Paris, do Victor Hugo.
Rapariga B: - O que é isso?
Rapariga A conta-lhe a história.
Rapariga B: - Ah! É, tipo, o Corcunda de Notre-Dame?

Numa aula de Literatura Portuguesa do Século XIX a professora menciona o Werther do Goethe. A única pessoa que tinha ouvido falar no livro era de Linguística e a turma incluia alunos de Alemão.

Aula de Literatura Portuguesa do Renascimento:
Professor: Quem é que já leu ou, na pior das hipóteses, ouviu falar n'A Metemorfose do Kafka?
Duas pessoas levantaram a mão.

Uma aluna de 4º ano escreveu sobre o Tolstoievski (!!!).

Devo ficar deprimida ou considerar-me um génio...?

7 comentários:

Anónimo disse...

Considerando que um curso superior é suposto ser realizado em excelência, parte-se do princípio que, quando se ouve alguém falar dos anónimos de Fernando Pessoa, esse alguém não estará sequer ciente da existência de um meio cultural português. Com todo o respeito, provavelmente nem saberá escrever. . . then again, maybe not! =p cheers *

M disse...

O Pessoa não só tinha anónimos como era contemporâneo de Camões.
Mas não os subestimemos: a pessoa em questão podia não conhecer o significado da palavra "contemporâneo" mas ao menos soube escrevê-la. :D

P.S.: a Geração de 70 foi composta pelos revolucionários do 25 de Abril.

Anónimo disse...

mas quando alguém fala de cultura a sério, o mundo não liga.por isso é que o meu post nunca mais é publicado

magnuspetrus disse...

Bem vinda à doce realidade universitária...
Lembras-te quando me queixava dos alunos de português/francês????

Anónimo disse...

Actualmente os cursos universitários servem apenas para ficar bem no currículo ou para se ganhar melhor quando somos aceites como dobradores na C&A, na Mango, na Springfield, na H&M...
Como disse o José Júdice na sua crítica no "metro" do outro dia, nós não precisamos de dotores da mula ruça neste país, precisamos de mecânicos e canalizadores.
Valéria.

M disse...

Ganhar melhor quando vamos trabalhar para uma loja de roupa? Yeah, right! Eu recebia cerca de 80 contos por 8 horas - e saía à meia-noite. Mas também é verdade: ainda nõo era licenciada ;)

Anónimo disse...

e ainda dizem que o ser humano tem evoluido.A educação cultural esta cada vez mais proxima de 10.000 antes de cristo