sábado, janeiro 29, 2005

A crónica constipada

Peço desculpa a todos os meus admiradores mas a minha habitual colaboração das 5ªsfeiras ficou no tinteiro – que é como quem diz, no computador ou ,melhor dizendo, nem chegou a entrar…

Isto um homem não é de ferro e, depois do Paulo Portas ter apresentado governo, do Louçã ter dito o que disse ao Portas e do Freitas apelar ao voto em Sócrates, os meus neurónios entraram em crash. Foi aí que chegou a constipação. Não a constipação metafísica do Pessoa, mas uma constipação de atchim e muitos lenços de papel sujos.

Finalmente, a leitura da última crónica do Ferreira Fernandes, na última página da Sábado desta semana (Sábado que, como o nome indica, sai à sexta feira) deu-me tema para botar umas palavras.

Malta, vocês que navegam quase todos nas águas da literatura e nos abismos insondáveis das semânticas, leiam aquela crónica. E, por favor, aprendam a falar claro e simples. Vocês vão educar os futuros políticos e gestores… Denunciem a verborreia pseudo-culta, desde os bordões do "eu diria que…" (então diz, porra!), o "nomeadamente" e "na medida em que", até aos polissílabos estrambólicos que só escondem o vazio de ideias e propostas de quem as usa.

Lembro-me da apresentação pública do "Consumactor", um livro de que fui co-autor com Beja Santos (edição Temas e Debates). Um professor universitário, disse que iria propor o livro para os seus alunos, só lamentava a sua linguagem demasiado acessível, imprópria de um trabalho universitário. Como tal linguagem fôra a minha contribuição para o livro, contei até 10 e consegui não lhe apertar o pescoço ali em público.

Transcrever o FF? Estou muito constipado. Comprem a revista, que vale a pena.

Artur Tomé

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