terça-feira, abril 26, 2005
O Christian Andersen do séc.XX
Corria a década de 60 e a indústria da banda desenhada americana andava pelas ruas da amargura. Uma onda de moralismo, a fazer lembrar em muito a que agora ataca as televisões, proibira as cenas de violência, tiros, sexo e terror. Finis o traço erótico de Alex Raymond nas suas series Flash Gordon e Agente Secreto X-9. Finis os arrepios de séries maravilhosas como "O caldeirão da Bruxa". Os super-heróis lutavam contra assaltantes de bancos, extraterrestres feios e monstros horrorosos e resolviam tudo com um ou dois socos, sem se despentearem.
Foi então que um argumentista da editora Marvel foi contratado para criar uma serie que respondesse à Liga da Justiça, uma xaropada de heróis à molhada, da sua editora rival.
E Stan Lee criou o Quarteto Fantástico. Reed Richards, Mr. Fantastic, um génio da física que é elástico, Sue Storm, a sua noiva que se pode tornar invisível, Johnny Storm, o irmão desta, o Tocha Humana, que se incendeia e voa em chamas e um amigo delas, Ben Grimm, super-forte, com o corpo transformado em rocha, o Coisa.
O grupo faz lembrar um pouco a família dos Incredibles? Pois, mas o Quarteto surgiu 40 anos antes. Os Incredibles é que são uma cópia do Quarteto.
Como seu principal adversário, Dr. Doom, outro génio da Física, com o rosto deformado numa experiência falhada, que aprende magia, torna-se rei da Lavéria, e usa uma máscara de metal por baixo de um manto real. Quem falou em Darth Vader? Esse apareceu 20 anos depois. Ele é que é uma cópia descarada de Doom.
O Quarteto tornou-se um objecto de culto para os adolescentes da época, incluindo o autor destas linhas. Stan Lee não se contentou com um só êxito e começou a criar uma série infindável de lendas, que contrariavam as regras do jogo da altura quanto ao que se supunha ser obrigatório num super-herói: o Homem-Aranha que era um nerd adolescente, o Hulk que era bruto, o Demolidor que era cego, o Homem de Ferro que era um engatatão alcoólico...
Até que a crise dos direitos humanos e do racismo na América o levou a criar os X-Men, heróis mutantes. Como eram diferentes, eram perseguidos pela sociedade. Get it?
Aos poucos, o êxito dos X-Men foi apagando o êxito do Quarteto. Mas o Quarteto está de volta. Nos cinemas a 4 de Julho. (Os americanos e as suas datas...)
Trailer aqui.
Artur Tomé
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