domingo, fevereiro 27, 2005

Alma Perdida

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma de gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
D'alguém que quis amar e nunca amou!

Toda à noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!...

Florbela Espanca
8 de Dezembro de 1894 – 8 de Dezembro de 1930

adivinhem quem voltou dos mortos

phoenix

Consegui recuperar o blog!
Visto o apoio técnico do Blogger.com conseguir ser mais lento e vago do que o departamento onde trabalho (ahem!), estava decidida a copiar os posts todos, matar o blog e criar um clone. Felizmente, a meio do processo, lá descobri uma forma de dar a volta à coisa e, ta-ra!, aqui está ele outra vez, que nem Lázaro ressuscitado - Lázaro, cuja irmã se chamava Marta... oh, meu deus, quiasmos!

domingo, fevereiro 13, 2005

i got rhythm

gershwin

Life is a lot like jazz... it’s best when you improvise.
= George Gershwin (26.09.1898 - 11.07.1937) =

Foi preciso um episódio d'As Aventuras do Jovem Indiana Jones, para redescobrir um dos meus compositores preferidos.
Tendo começado a ouvir rádio só por volta dos 12 anos, passei a infância a ver musicais e a ouvir os discos de jazz do meu pai, repletos de canções escritas pela dupla George e Ira Gershwin - a J. uma vez disse que quem escrevia as letras não era o irmão e sim a cunhada, mas não me pronuncio porque não estava lá para ver...
Só mais tarde é que associei o nome à obra e apercebi-me de que a música do senhor estava em todo o lado.
De nome verdadeiro Jacob Gershovitz (os pais eram judeus russos), Gershwin começou a tocar no piano oferecido ao irmão Ira e, ainda adolescente, arranjou emprego no mítico Tin Pan Alley, passando pela Broadway e acabando em Hollywood.
Considerado essencialmente um autor de música popular e não tendo tido formação musical para além das aulas de piano, Gershwin esforçava-se por ser visto como um compositor a sério. Reza a lenda que chegou a pedir aulas de composição a Ravel. Ravel perguntou-lhe quanto ganhava por ano e, após ter ouvido a resposta, recusou, dizendo que ele é que devia ter aulas com Gershwin.
No final de 1923, foi convidado por Paul Whiteman para compor uma peça de jazz sinfónica. Aceitou. Tempos depois, numa bela manhã de Janeiro, abriu o jornal e leu a notícia de que a sua novíssima sinfonia seria tocada no Aeolian Hall em Fevereiro. Esquecera-se... Em 3 semanas escreveu o fabuloso Rhapsody in Blue. Tinha 25 anos.
O seu maior contributo terá sido talvez a fusão entre a música popular - especialmente o jazz - e a música dita "séria", mas o maior feito é, sem dúvida, a forma como a sua obra continua imortal e a ser reinventada ainda hoje, desde a versão que Miles Davis fez da ópera Porgy&Bess, ao Red Hot + Rhapsody ou a coisas mais assustadoras, como o Jon Bon Jovi a cantar How Long Has This Been Going On.
Podem não saber o nome da canção, podem não saber quem a escreveu, mas não há ninguém na sociedade ocidental que não conheça uma das melodias do George.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

adeus piano...

cartões

Depois de correr duas lojas e um banco, descobri que ninguém quer conceder um crédito a pessoas empregadas através de agências de trabalho temporário. Compreendo que contratos autorenováveis mensalmente não sejam garantia para nenhuma instituição de crédito, mas não deixa de ser curioso... Quando trabalhei como recuperadora para um banco que não vou dizer qual é mas que se chama BBVA, a grande maioria dos casos em contencioso era de velhotes analfabetos da província a quem vendedores impingiam produtos que não interessavam nem ao menino Jesus. "Faça aqui um X, e isto é seu". E ficavam os velhotes obrigados a pagar durante anos mais do que podiam - ou a ficar em dívida, que era o mais certo.
Fiquei triste, desgostosa, ninguém me quer ajudar, é uma injustiça, uma tragédia.
Mas, numa sociedade que vive à base do "leve agora, pague depois (mas paga o dobro)", não sei se será assim tão mau cometer uma extravagância à moda antiga: juntar tostõezinhos durante um ano e tal e pagar a pronto, sem ficar a dever nada a ninguém...
Até já piano.

domingo, fevereiro 06, 2005

Do it yourself best seller - As lições do Código da Vinci

Nobel

Até o Jornal de Letras se rendeu e, na última edição, traz um estudo sobre este fenómeno editorial.
Trezentos mil exemplares vendidos só cá em Portugal, é obra. E, pela experiência de quem o comprou, cada livro é emprestado a uma média de 4 pessoas que o devoram num instante.
Confesso que li o livro em dia e meio e que acho tratar-se de um excelente exemplo de artesanato literário. O que é muito diferente de o considerar um bom livro. Deixo os comentários místicos e religiosos para a página Energias Livres, uma vez que a dona deste blog não me deixa falar sobre tais matérias neste site (anda um pai a criar uma filha para acabar vítima de Censura) e passo aos truques que o autor usa para escrever um best-seller:

Truque nº 1 – Conte duas histórias em paralelo
Vá alternando a narrativa, capítulo sim, capítulo não. Se não tiver duas histórias, conte a mesma sob o ponto de vista de duas personagens diferentes. Se só tiver uma personagem, comece a história pelo meio e vá intercalando o que aconteceu antes com o que aconteceu depois.
A alternância converge para a cena leit-motiv do livro no penúltimo capítulo.
(Se não tiver história nem personagem, arrisca-se a ganhar um Nobel daqui a 20 anos)

Truque nº2 – Frases curtas e palavras simples
Reveja o texto que escreveu, substitua as vírgulas por pontos finais e os pontos finais por parágrafos.
Intercale com onomatopeias ou locuções tipo treinador de equipa olímpica.
Treine.
Você vai conseguir.

Truque nº3 – Use conhecimentos profissionais especializados
Não há pachorra para figuras que passam o tempo a pensar nem para descrições de realidades à base de metáforas.
Num best-seller as coisas não são "como".
As personagens têm conhecimentos sobre matérias, conhecimentos que ensinam ao leitor. Como decifrar códigos, como fazer uma bomba com detergentes e insecticidas, ou como fazer chocolates e vinho à base de fruta (e viva a Joana Harris).

Há mais truques, mas esses reservo-os para o meu best-seller.

Artur Tomé

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

perdi a cabeça

Andava eu nos saldos quando decidi torturar-me e entrar em lojas de música para ver pianos - e não é que os pianos também estão em saldo...?
Desisti dos acústicos a curto prazo porque (ainda) não sou rica e dei de caras com um digital que, em promoção, custa dois ordenados meus:

roland

Depois há a maravilha dos créditos: se pagar sem juros tenho de pagar o preço real (3 ordenados); se pagar o preço promocional cobram-me juros e acabo por dar mais dinheiro do que o valor real do piano. Chamem-me parva, mas escolho a primeira opção.
Assim, algures este mês, já vou ter com que chatear os meus adorados vizinhos.

P.S.: Ainda quero um piano de parede pelo Natal...

terça-feira, fevereiro 01, 2005

prepara-te sónia, o puto está de volta...

Pois é, o rapaz da cicatriz vai voltar às prateleiras no dia 16 de Julho, com a edição do livro Harry Potter and the Half-Blood Prince. Está confirmada uma extensão ligeiramente inferior à do quinto livro (desta vez, 672 páginas) e resta-me esperar que não seja a desilusão que foi o Order of the Phoenix.
Mais do que o universo criado, o que me prende aos livros é a sequência de segredos que vão sendo revelados ao longo da história. Ler mais de 700 páginas para "descobrir" algo que qualquer leitor já sabe, não é agradável. (Sem contar com a nova professora de Defense Against The Dark Arts, demasiado parecida com uma certa docente de Inglês com quem andei às turras...)

Os eventuais fãs podem espreitar o site da Rowling que vale pelos gráficos e pelo toque pessoal, desde a autobiografia (onde se pode ver uma nota de 10 mil escudos) a uma secção onde a autora desmente boatos vários, como o de que o Lord Voldermort é o verdadeiro pai de Harry: "You lot have been watching too much Star Wars".

harry